Como fatalismo e superstição não fazem parte dos princípios maçônicos, somos ensinados que a evolução do Ser acontece pelo aprendizado dos bons costumes e admitindo que os vícios podem ser evitados e as paixões submetidas. Para tão grande desafio o iniciado precisa ser livre, e liberdade tem ônus.
O justo preço pela liberdade é a responsabilidade, no presente e no futuro, que só se consegue ao abdicar da preguiça, do fatalismo e do fanatismo, males que impedem o homem de conduzir por si seus rumos, que inibem a plenitude pela resistência em mudar a própria essência. Não somos perfeitos, mas perfectíveis. Cabe a nós e não ao destino, ganhar essa existência.
Não constitui segredo que os maçons buscam se aperfeiçoar através do aprendizado oculto no complexo conjunto de símbolos e instrumentos que lhes são apresentados ao longo dos progressos que fazem na Ordem. O alvo, desde cedo revelado, é assimilar dos fundamentos da Moral Maçônica.
Há que se observar que uma moral voltada somente para o conjunto dos arranjos sociais, sem pilares espiritualistas, ruiria com facilidade e certamente estaria fadada ao descrédito. A secularidade da maçonaria está aí para comprovar que em bases sólidas se constroem grandes edifícios. Assim também os alicerces da pura essência humana sustentam o constante desbastar das asperezas da pedra bruta. Isto é bastante para os maçons que têm por objetivo combater a ignorância, a intolerância e a hipocrisia, fantasmas que habitam o inconsciente individual e coletivo.
Por isso, a Ordem Maçônica vai alem do sistema de normas reguladoras exposta em símbolos e alegorias para ser uma autêntica escola de iniciação moral, cultural e espiritual, tudo junto, que prepara seus adeptos para uma nobre vida terrena e na incansável luta por uma sociedade mais justa e equilibrada.
O Maçom, ao ser desvendado, viu a Luz e isto o tornou diferenciado dos outros, mas não automaticamente melhor. Apenas deu seu primeiro passo em busca da Verdade.
A nobre missão do Maçom é ser o mensageiro dos ensinamentos entre a Augusta Instituição e aqueles que necessitam de sua Luz. Seu legado será tão maior quanto mais se envolver com essa missão. Paradoxalmente, sua riqueza será tão grande quanto maior for a capacidade de renunciar. Não singular porque a semeadura ocorre no tempo presente, na vida terrena, e colheita será no futuro, em bens imateriais, aqueles que conduzem à vida eterna.
Irmão João Luiz Borges Diegues
São Paulo, 30 de Junho de 2022